Nós da Yunus Negócios Sociais Brasil queremos compartilhar nossa indignação e esclarecer para toda a nossa rede alguns pontos sobre a perseguição ao Professor Muhammad Yunus – que se acirrou em Bangladesh, às vésperas da eleição presidencial do país – e que provavelmente seguirá com desdobramentos nos próximos dias. Em 1 de janeiro de 2024, o Professor Yunus e três colegas foram condenados por violações do direito do trabalho e sentenciados a seis meses de prisão, tendo-lhes sido concedida uma fiança de um mês para permitir a interposição de recursos.
Essa é só mais uma parte, que já prevíamos que aconteceria, dessa injusta jornada pela qual o professor está passando em seu país de origem. Jornada essa, pela qual passaram também outros grandes líderes humanistas e pacifistas, como Nelson Mandela, Mahatma Gandhi e Martin Luther King.
Mais de 189 líderes mundiais, incluindo 108 laureados com o Prêmio Nobel e a Anistia Internacional, já se uniram para apoiar o também ganhador do Nobel da Paz Professor Muhammad Yunus em sua luta contra o assédio judicial histórico sofrido por ele em Bangladesh. Vozes diversas, como a de Barack Obama, Al Gore, Ban Ki-moon, Richard Branson, Paul Polman, e Jane Goodall, integram uma carta que denuncia esta e outras ameaças à democracia e aos direitos humanos no país.
Após a condenação e sua liberação por fiança, o professor Yunus se pronunciou garantindo que continuará o seu trabalho social: “Continuarei a servir o povo de Bangladesh e o movimento de negócios sociais da melhor maneira possível. Tal como os meus advogados argumentaram de forma convincente no tribunal, este veredicto contra mim é contrário a todos os precedentes legais e a lógica. Apelo ao povo de Bangladesh para que fale a uma só voz contra a injustiça e a favor da democracia e dos direitos humanos para todos e cada um dos nossos cidadãos.”
A condenação do Professor Yunus é o culminar de anos de perseguição por parte do governo de Bangladesh. Este processo - um dos 199 que foram apresentados contra ele num dos exemplos mais flagrantes de assédio judicial na história do país - deveria, na pior das hipóteses, ter conduzido a uma multa de 227 dólares contra a Grameen Telecom, onde o Professor Yunus é presidente não executivo, um cargo não remunerado. Apesar de se tratar de um assunto trabalhista, o caso foi levado ao tribunal na esfera criminal.
A Anistia Internacional acrescentou o seguinte após o anúncio do veredicto: "A Anistia Internacional considera que iniciar um processo penal contra Muhammad Yunus e os seus colegas por questões que pertencem à esfera civil e administrativa é um abuso flagrante das leis laborais e do sistema judicial, e uma forma de retaliação política pelo seu trabalho e dissidência".
Como afirmou o ex-Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, em um comunicado da Campanha Protect Yunus, "Um líder como Muhammad Yunus deve ser celebrado e livre para contribuir para a melhoria das vidas das pessoas e do planeta. O último lugar em que ele deveria estar é na prisão. Faço um apelo para a reversão imediata deste veredicto injusto."
No Brasil, temos um histórico de 10 anos de apoio ao empreendedorismo social, onde aceleramos mais de 100 empresas, e financiamos um montante acima de R$ 27 milhões para 28 negócios sociais, através de nossos veículos de investimentos. Na área de Corporate, já atuamos com mais de 30 empresas em projetos ligados à inovação social corporativa, que incluem inovação aberta, desenvolvimento de cadeias de procurement de impacto, e criação de negócios sociais corporativos. Ao todo são cerca de 3 milhões de pessoas de classes C, D e E impactadas com acesso a bens e serviços essenciais, e mais de 15 mil empregos diretos gerados pelo nosso portfólio. Nós continuaremos a honrar o trabalho do Prof. Yunus, promovendo o desenvolvimento de negócios sociais e a geração de impacto socioambiental positivo no Brasil e nos países dos quais temos atuação.
Nós o apoiamos incondicionalmente, esperamos que a justiça prevaleça e que os tribunais superiores revertam essa decisão injusta.
Protect Yunus – Participe da campanha para reverter a condenação do Professor Yunus: https://protectyunus.wordpress.com/
O nosso time fica à disposição para eventuais dúvidas a respeito deste e de demais assuntos.
Atenciosamente,
Yunus Negócios Sociais Brasil
Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus é condenado à prisão em Bangladesh
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O evento contou com a participação de Tulio Notini, Diretor de Coporate da Yunus, Carla Crippa, a Vice-Presidente de Assuntos Corporativos da Ambev no Brasil, da Lívia Berrocal, Gerente de Propósito na Reckitt Hygiene Comercial e Bruno Pipponzi, líder executivo da Vitat, a nova Healthtech da RaiaDrogasil.